É o termo que utilizamos para descrever o sintoma de dor nas mamas. É um sintoma frequente, já que cerca de 60 a 70% das mulheres ao longo da vida reprodutiva apresentam esta queixa. Porém, apenas 10 a 20% das pacientes experimentarão uma mastalgia severa.
É motivo frequente de consulta ao mastologista, seja pelo medo da associação com o câncer de mama ou pela intensidade da dor que pode causar diminuição da qualidade de vida.
As mulheres com dor mamária, devem realizar exame clínico e de imagem da mama e, não havendo alterações suspeitas devem ser tranquilizadas em razão da não associação da dor com o câncer.
A mastalgia pode ser cíclica, acíclica ou extramamária.
A dor na mama que se associa a mudanças hormonais do ciclo menstrual, manifestando-se, principalmente, na semana anterior ao sangramento é chamada de mastalgia cíclica. Geralmente é ocasionada por alterações no equilíbrio dos hormônios femininos (estrogênio/progesterona) que estimulam a proliferação do tecido glandular. Na maioria das vezes, é bilateral, difusa e mais intensa nos quadrantes superiores e externos da mama.
A mastalgia não cíclica pode surgir de mamas pendulares com o estiramento dos ligamentos mamários, chamados ligamentos de Cooper. Lesões na parede torácica muitas vezes são relatadas como mastalgia, como dores nos músculos peitorais, costocondrites (inflamação nas articulações das costelas), trauma, tromboflebite superficial, entre outras. Outros fatores relacionados a dor nas mamas são a terapia de reposição hormonal, a ectasia ductal (dilatação dos ductos mamários retroareolares) e mastite.
Em grande parte dos casos de mastalgia, a orientação que a dor é autolimitada e não relacionada ao câncer de mama, ajuda a paciente a se tranquilizar e a resolver o sintoma mamário.
Nos casos de desconforto leve, pode-se obter alívio com o uso de sutiãs bem ajustados, de suporte, aplicando calor local ou usando analgésicos comuns, como paracetamol. O uso de anti-inflamatórios também é benéfico para muitas pacientes. Pode ser usado via oral e também na forma de gel (diclofenaco gel), apresentando menos efeitos colaterais e resultados satisfatórios.
Algumas mulheres relatam melhora da dor ao diminuir ou evitar o consumo de cafeína e outros estimulantes encontrados no café, chá, chocolate e refrigerantes. Tem sido sugerido que alguns tipos de suplementos vitamínicos ou fitoterápicos podem aliviar os sintomas. O uso de vitamina E e/ou óleo de prímula (rico em ácido gamalinoléico, com ação diurética, anti-inflamatória, moduladora hormonal) apresenta bons resultados na melhora da mastalgia de muitas pacientes, apesar de estudos não comprovarem sua real eficácia.
Os anticoncepcionais orais apresentam ação paradoxal, ou seja, em algumas pacientes pioram o sintoma e, em outras, aliviam.
Medicações ansiolíticas ou antidepressivos podem apresentar efeito global na melhora da dor, além de tratar quadros que podem exacerbá-la.
Nas pacientes com sintomas graves, fármacos como tamoxifeno, danazol, bromocriptina e cabergolina mostraram benefício no alívio da dor. Porém, além do custo elevado, esses fármacos apresentam muitos efeitos colaterais, muitas vezes, não tolerados pelas pacientes. O tamoxifeno, uma medicação que atua como um antagonista do estrogênio no tecido mamário, na dose de 10mg dia por 3 a 6 meses foi o que apresentou melhor tolerância. Porém, só deve ser prescrito nos casos de mastalgia grave, sem alívio com outras medidas, devido a efeitos como calorões, diminuição da libido e irritabilidade.